Como ajudar a sociedade — e não apenas uma empresa?
Um texto sobre nossa capacidade de pegar briefings “simples” e transformar em projetos que entregam algo para sociedade
Essa semana eu comecei a criar o Manual de Cultura da Shoot. Tivemos a ideia desse manual algum tempo atrás, e ele se resume basicamente a colocar no papel aquilo que todo mundo que trabalha aqui precisa saber sobre a Shoot. Uma forma da gente entender melhor quem a gente é, assim como auxiliar quem entra na equipe a entender melhor a nossa vibe.
E olhando pra trás, vendo nossos trabalhos antigos, fiquei com um orgulhinho: nossa capacidade de pegar briefings “simples” e transformar eles em projetos que entregam algo para sociedade. Não só resolver o problema do cliente, mas gerar um valor para mais pessoas além do público-alvo da marca. Não que eu não sinta orgulho do resto, sinto bastante, mas nunca tinha percebido esse detalhe com tanta atenção.
Essa nossa capacidade, uma característica que vejo como essencial para a Shoot hoje, nasceu no momento que viramos empresa e começamos a trabalhar com clientes. Isso porque nem todos os briefings que nos mandavam vinham com o objetivo claro de gerar um tipo de benfeitoria para a sociedade.
E como essa característica é colocada em prática? É bem simples. Vem um briefing e a gente pensa: como a gente pode gerar valor para a sociedade a partir dessa demanda? Vamos aos exemplos.
Briefing: “precisamos divulgar espaço para vagas de estágio para pessoas se candidatarem para trabalhar na nossa empresa.”
Shoot: ok. Como isso pode ajudar a sociedade, e não apenas a empresa? Hm. Ãhn. E se a gente criar um site com um formulário para ajudar pessoas a encontrarem seu propósitos? E daí, no final, vai ter um botão pra ela enviar pra empresa em questão as suas respostas, caso ela se interesse em trabalhar lá. Assim, a gente não só ajuda jovens a encontrar um propósito, de conhecer melhor suas motivações para descobrir a melhor vaga possível para si, como também a empresa a contratar pessoas alinhadas com seus objetivos.
Briefing: “precisamos criar um tapume para separar uma obra de um colégio.”
Shoot: como isso pode ajudar a sociedade, e não apenas a empresa? E se a gente, ao invés de falar sobre “obra”, falar sobre “transformação”, linkando a importância da gente se transformar de tempos em tempos para evoluir como pessoa, abrindo espaço no tapume para crianças compartilharem aquilo que querem transformar não só no mundo, mas em si mesmas?
Briefing: “precisamos disseminar a cultura da simplicidade dentro de uma empresa muito burocrática.”
Shoot: como isso pode ajudar a sociedade, e não apenas a empresa? Hmmm. Vamos lá. Simplicidade. Pequenas a atitudes. Pequenos atos que, se feitos por muitas pessoas, viram algo gigantesco e impactante. E se a gente criar uma campanha interna para estimular que pessoas façam pequenas atitudes, que podem parecer bem simples e comuns, mas que se todo mundo da empresa fizer, seria sensacional? Por exemplo, falamos que trazer garrafinha de casa e não usar o copo de plástico para beber água já ajuda o planeta, mas se toda a empresa fizer isso (mais de 30 mil pessoas), o impacto seria enooooooorme. Uma atitude simples tem poder. Simplifique.
Essas 3 ideias não aconteceram. Nem tudo rola sempre né. O que a gente cria está sujeito às mesmas intempéries que todo mundo que trabalha com criação sofre: chuva, vento, verba, prazo, coragem do cliente. E se numa agência de publicidade já é difícil aprovar algo, imagina com a gente que tá tentando colocar um novo layer de impacto em cima de cada ideia.
O que não nos desmotiva nem derruba nosso foco. Esse é o nosso papel. Sabendo o cliente ou não que vamos fazer isso, quando chega um briefing, damos o nosso jeito. Criamos uma forma de atingir mais pessoas, de deixar um legado positivo.
Caso não consigamos chegar num resultado que nos agrade, não aceitamos/fazemos o projeto/campanha. Esse é o nosso limite. Mas um limite que nunca apareceu. Sempre conseguimos dar o nosso jeito. Se a ideia não rolou, foi por causa de outros fatores. Ou seja, sempre dá pra dar um jeito. Sempre dá pra pegar um briefing e criar algo pra sociedade com o que ele tá pedindo. Não?
Beijo, Braga.
Esse texto foi escrito pelo Braga e enviado para quem segue nossa newsletter no dia 02/08/18.