A primeira newsletter da Alice. 🌈
Olar galeura!
Aqui é a Alice, nova integrante da Shoot, estreando minha comunicação com vocês através desse post.
Pensei muito sobre o que eu ia escrever aqui.
Pensei demais.
Pensei tanto que travei.
E eu não sou de ficar sem palavras. Pouco mais de um mês que entrei na firma e certamente já devem estar organizando políticas internas para regular a duração dos áudios no grupo do whatsapp. Mas eu queria causar uma boa primeira impressão, sabe? Queria que esse texto servisse como uma apresentação da minha pessoa para vocês. Um texto só onde coubesse tudinho sobre mim, meu amor, minhas três vidas inteiras, uma penteadeira…
Um texto que me representasse inteira. Como se não fossem haver outros. Como se não fosse ok escrever hoje sobre um tópico qualquer (algum livro que eu li, meus canais favoritos no youtube, o último curso que fiz, meu cachorro, minha paixão por cidades, músicas, filmes, bicicletas, montanhas, plantas, animais, cores, cheiros, bruxaria, lixo, comida, etc.) e depois, quem sabe, trazer um outro assunto do mundo. É sobre o mundo, não é sobre mim. Ou é?
Sinto que tenho dificuldade de me descolar daquilo que falo ou faço.
Se a mentalidade é essa de que o que eu digo — e principalmente o que eu faço — são o que eu sou, a vontade é mesmo buscar completude através da minha expressão.
Assim como os demais millenials, busco encontrar no meu trabalho, o meu propósito (minha razão de existir). E isso tem muito a ver com o como eu vim parar aqui. E não é porque meu fechamento está na Shoot. É porque eu não sou o meu trabalho.
Foi ouvindo esse episódio do Mamilos que eu aprendi essa lição complicada (mais complicada para alguns do que para outros, como é o caso dessa caprica que vos fala e que vem tomando algumas na cabeça desde que começou o retorno de Saturno, lindo lindo ele). O que eu faço não define quem eu sou. Porque eu sou muito mais do que o que eu faço, entende?
Nessa sociedade do desempenho — e do cansaço — na qual vivemos, esse rolê de autorrealização (tudo é possível, afinal meritocracia talkei?) nos leva ao extremo pela necessidade de sermos produtivos em constante aprimoramento. O seu sucesso depende do que você faz. Soma isso com “você é o que você faz” e temos uma sociedade ansiosa que sofre de depressão e burnout, ao mesmo tempo que posta na internet com as hashtag #perfeitasemdefeitos. E quem é imperfeita e com defeitos, não pode? Certamente errar dói, mais quando o que se é o que se faz. Mas errar é uma certeza, não tem coach que resolva.
Como fechar a conta de tudo que eu quero fazer? Ou de tudo que eu penso ou gostaria de aprender? Ou de tudo que eu sinto e queria experienciar?
Aqui a gente fala que Fazer > Dizer. Isso é fato. Mas uma coisa que venho trabalhando é: como fechar a conta de tudo que eu quero fazer? Ou de tudo que eu penso ou gostaria de aprender? Ou de tudo que eu sinto e queria experienciar?
Tem um desenho que eu fiz ano passado de um ensinamento passado para mim por duas amigas que participaram de uma fala da Marcia Baja — um desenho que hoje eu tenho espalhado pelas paredes da casa e desenhado em todos blocos de anotação.
Ele é bastante autoexplicativo, mas vamos lá: o lance é buscar o equilíbrio entre o pensar, sentir e agir. É sobre não concentrar a energia empacada num lugar só e deixar as coisas fluirem de forma harmoniosa. Tem gente que é mais do fazer, tem gente que é mais do pensar, tem outros que são puro sentimento… Quando desenhei isso pela primeira vez e relacionei com a maneira na qual eu operava, percebi que eu tinha um funcionamento meio merda: pensava demais, daí não conseguia fazer. Em desespero, começava a fazer tudo que aparecia pela frente, sem entender porquê eu fazia aquilo, porque aquilo era importante pra mim. Quando eu me dava por conta, eu estava fazendo coisas sem sentido (sentimento), então entrava numa nóia e começava a pensar demais. And here we go again…
A velocidade das coisas modernas nos programa para atropelar o sentir. Estudando sobre neurociência, aprendi que o cérebro humano adora padrões. Se o padrão de funcionamento é “não para”, ele vai seguir em frente: fazendo, fazendo, fazendo, tasks, tasks, tasks. E nas horas vagas? Netflix (mas isso podemos descorrer em outro texto). Semana passada, teve aula da Escola ao Contrário sobre ansiedade, com o Braga e a neurocientista Carol Baldasso, e ela lançou essa: “Afinal, somos o quê? Um ser humano ou um fazer humano?”. Parece bobo, mas…
Tenho dedicado mais tempo para o amadurecer das ideias. Para absorver, encarar e entender meus sentimentos. Converso comigo mesma: por que eu quero fazer isso? E como eu estou me sentindo com relação a isso ou aquilo? E foi assim que eu virei shoooter! (ou shooteira/chuteira pra quem prefere termos BR).
“Eita, nunca trabalhei num escritório de comunicação. Por que eu quero fazer isso agora?”. Porque eu quero colaborar para um mundo mais irado.
“Como eu me sinto?”. Me sinto chamada, me sinto querida, me sinto à vontade para trazer um pouco de mim para dentro da Shoot. Então, esse pouco de mim vai se misturar com os outros pedacins da equipe e formar um megazooooooooord power rawraw de impacto social! ⚡
Mas um outro tantinho meu vai ficar de fora. Porque eu não sou o meu trabalho. E hoje trabalho para uma empresa que escuta isso e diz que tá tudo bem.
:)
- O podcast Coemergência “explora temas importantes da sociedade e do cotidiano, sempre na relação entre mundos internos e externos”. Ouvi os dois primeiros episódios e sinto que já estou amando.
- Tuca&Bertie é uma série #perfeitasemdefeitos. É sobre uma tucana (Tiffany Haddish) e uma passarinha (Ali Wong) que são melhores amigas, com gráficos que são uma delícia tremenda.
- Pussypedia é uma enciclopédia gratuita e bilingue (ing/esp) sobre a Buceta* feita para fornecer informações acessíveis e de alta qualidade sobre nossos corpos.
Esse texto foi escrito pela Alice e enviado para quem segue nossa newsletter no dia 13/08/19.