Conversando com amigos em encontros aleatórios, um assunto em comum: não temos mais tempo. O celular, o trabalho, o espírito empreendedor, as referências, os livros, os filmes, as séries, as festas, tudo é prioridade. Estamos muito ocupados.
Estamos trabalhando demais, estudando demais, fazendo atividades demais. Vivendo imersos nesse oceano violento de ações cotidianas, e, em qualquer sinal de tempo livre, o celular tá na mão, com um milhão de estímulos e distrações.
A quantidade de informações que recebemos por dia é gigantesca, mas em que momento processamos tudo isso?
Num mundo onde a maioria fala para colocar o pé no acelerador e viver com a produtividade nas alturas, fazendo cada vez mais, em menos tempo, eu to querendo falar de ócio. Não é sobre ficar no Instagram até passar por todos os stories, mas sim um tempo pra fazer nada. Permitir momentos de nada na rotina louca de trabalho, estudos, sonhos, relacionamentos e burocracias.
Por quê?
Sinto que estamos, na maior parte do tempo, no automático, nos desdobrando em mil para dar conta de todas as pautas da vida, e os questionamentos vão ficando em segundo plano.
Precisamos de tempo e espaço para entender o que acontece no dia a dia, e colocar + tarefas e + celular em todo o tempo que sobra, não abre brecha para o pensamento livre acontecer.
Eu tenho tentado (e é difícil) fazer mais nada.
Fazer nada pode ser andar a pé. Perceber os detalhes da cidade, ver coisas que nunca tinha visto (impressionante como sempre tem algo novo pra ver). Caminhar na rua é uma chuva de referências de arquitetura, texturas, comportamentos, estilos de vida. Uma caminhada à toa pode resultar numa ideia de como resolver aquele problemão que você tá fritando a semana toda.
Fazer nada também pode ser sair pra fotografar. Sem pauta, sem obrigações. Fazer nada com uma câmera na mão, pode dar insights que nunca tinham aparecido, olhares novos para coisas normais.
Na virada do ano, fiquei fazendo nada com a câmera, no jardim da casa onde estava com uns amigos, e resultou numa sequência de fotos de frutas que parecem tímidas. Não que sejam as fotos mais incríveis do mundo, mas foi muito interessante o processo de pensar em nada e perceber isso. Eu gostei hehe.
Fazer nada também pode ser parar pra tomar um café. Enquanto o corpo faz os movimentos já decorados para preparar a bebida, deixo o pensamento solto, e quando sento pra tomar o café, me permito pensar em nada, ou pensar em tudo, mas não pego o celular.
O celular me distrai, e eu tenho medo de estarmos nos tornando seres distraídos, que não percebem mais os detalhes que não valem dinheiro ou likes.
Fazer nada tem feito me conectar mais comigo mesma e com as coisas que eu acredito. Porque sempre que eu faço nada, dou espaço pra pensar.
Ainda não somos robôs, mas precisamos tomar cuidado com o modo automático.
Coloca um tempo pra fazer nada na agenda e vê o que acontece. Tem funcionado pra mim.
Bom feriado galera, responsabilidade e cuidado absoluto nas estradas.
Abraçãozão.
Esse texto foi escrito pela Dai e enviado para quem segue nossa newsletter no dia 09/02/18.