[Este post contém +40 dicas e links de como lidar com ansiedade. Se você quer ir direto ao ponto, passe essa introdução e confira o texto depois do monstrinho roxo. Se você adora uma leiturinha, é só seguir para o próximo parágrafo.]
O que dizer além do que já foi dito ou já se sabe sobre a ansiedade? Se você sair desse post agora e digitar no Google “como amenizar a ansiedade”, aproximadamente 1.190.000 resultados serão listados na sua tela. As receitas são muitas, que passam por clássicos como exercícios de respiração e chás de ervas medicinais até bulas de antidepressivos. A verdade é que cada organismo se comporta de uma forma única, muito particular, que é influenciado pelas infinitas experiências que você já vivenciou ao longo dos anos. Ou seja, a resposta e a cura para a ansiedade é apenas uma: a sua própria. O que quer que eu escreva aqui ou você leia por aí ou o resultado da pesquisa do Google diga pra você, a eficácia será diferente em cada indivíduo.
Então, como encontrar o caminho certo? Como saber se o que se sente é realmente ansiedade? Ou depressão? Ou outra doença psicológica? Ou nada? As respostas para essas perguntas levam tempo para serem descobertas e cada pessoa terá uma fórmula de desvendá-las. No país mais ansioso do mundo, não seria tão simples, né?
Segundo a OMS, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América Latina. Já sobre a ansiedade, somos recordistas mundiais, com 9,3% da população sofrendo desse problema. E da onde vem? Desigualdade social, pobreza e traumas na infância podem ser fatores de risco para a ansiedade. A crise econômica e a violência nas grandes cidades também.
Mas não é só isso. De modo geral, somos seres muito vulneráveis. No livro “Calma”, da The School of Life, é listado uma série de aspectos que contribuem para cenários como os da ansiedade e da depressão: nosso organismo é composto por uma rede complicada de órgãos frágeis e que demandam muito cuidado; não temos informações suficientes em que se basear as principais decisões da vida; nos comparamos inevitavelmente com os outros, baseados em uma vida midiatizada e movida a smartphones em que a inveja e a inquietude são uma constante; o progresso das nossas carreiras e finanças se desenrola de acordo com o funcionamento frio, competitivo, destrutivo e aleatório do capitalismo desenfreado; deixamos que nossa autoestima e nossa sensação de conforto dependam do amor de pessoas que não podemos controlar e cujas necessidades e esperanças jamais vão se alinhar sem conflitos com as nossas.
O cenário não é exatamente favorável para ultrapassar a vida sem tropeçar na ansiedade. A ansiedade é um motor natural das nossas rotinas. É ela que nos faz chegar pontualmente a compromissos, previnir acidentes, comprar o que falta na geladeira no caminho de volta pra casa. É a ansiedade que nos impulsiona desde o tempo das cavernas, onde a percepção de que uma família e uma onça não poderiam ocupar o mesmo espaço e quando era chegada a hora de partir. O que acontece é que o mundo moderno acaba nos engolindo em tentações que se enroscam com nossos medos e traumas mais profundos e quase impossibilitam a visão clara e coerente para a tomada de decisões. Essa busca pelo futuro, na ânsia da tomada de decisões, seja do melhor lugar para a próxima selfie, seja escolher entre casar e comprar uma bicicleta, seja olhando para sua vida e não se encontrando mais nela, impossibilita ou dificulta nossa capacidade de se desenrolar sozinhos e acabamos desanimados, cansados e tristes dentro de uma prisão que nem bem entendemos o que é.
A terapia é um meio fundamental na busca pelo entendimento e tranquilidade para lidar com essas adversidades e uma ferramenta importante para nos tornarmos mais fortes para o que há de vir. Não é na respiração e meditação guiada que nossas perguntas existenciais são respondidas, mas é na frequente construção e descobrimento do autoconhecimento que evoluímos e retomamos as rédeas dos nossos caminhos.
Pensando nisso, decidi criar esse post sem um fim determinante, sem um grande ensinamento. Ao contrário. Listei dezenas de atividades que me ajudam a amenizar e controlar a minha ansiedade e que acredito que podem inspirar você a fazer o mesmo. Não é um texto definitivo, pois esse post será atualizado periodicamente com novas formas de lidar com a ansiedade — quem sabe até vire uma rede de apoio virtual.
A seguir, a minha lista, a minha receita, o meu jeitinho de lidar com a ansiedade, dividido em vários aspectos da vida. Divida esse post com quem também está passando por isso ou deixe nos comentário outras dicas para aumentar esse “guia”. Vem comigo.
Corpo:
- Sim, respirar vai fazer você abaixar o batimento cardíaco e tranquilizar sua mente. Existem dois exercícios que me ajudam muito. Um deles é o “Conte até 7”. Inspire contando até 7, segure contanto até 7, expire contando até 7. Repita 7 vezes. Outro é a respiração diafragmática, que é respirar com a barriga, o diafragma. Dá pra entender melhor aqui.
- Faça um chá de camomila ou melissa ou erva doce ou cidreira e imagine que cada gole está diluindo sua ansiedade.
- Tome um banho morno.
- Relaxe o seu maxilar e tire a língua do céu da boca.
- Estique-se o máximo possível ao acordar. Se esparrame pela cama toda mesmo.
- Crie uma playlist para se movimentar e dançar pelo quarto, pela sala, na cozinha. A minha é essa.
- Saia para uma caminhada. Pode ser só ao redor da quadra, pode ser em um parque, pode ser onde se sentir a vontade. O importante é botar uma roupa diferente e ver o mundo lá fora de perto.
- Invista em um tempinho no sol para se reenergizar.
- Visite a feira do seu bairro e aproveite as frutas e legumes da estação. Além de contribuírem com seu organismo, cozinhar sua própria comida pode virar uma terapia.
Mente:
- Não se desespere por ter tido um dia ruim. Goethe disse “Nada é mais difícil de suportar do que uma série de dias belos”. Por mais exagero que isso pareça, são os dias ruins que fazem dos dias bons tão especiais.
- Back to the 90s: cultive um diário. Escreva exatamente o que está sentindo. Parece muito simples ou bobo, mas depois você consegue voltar e ler aquilo que sentia e o quanto tudo se transformou. A JoutJout te explica o poder que isso tem.
- Volte para a realidade. Quando sua mente começar a vagar nos infinitos cenários possíveis, pergunte-se: “o que realmente está acontecendo agora?”.
- Em meio a uma crise, pegue um papel e uma caneta e concentre-se em listar todas as coisas que estão na sua frente. Sua mente vai voltar para os trilhos.
- Ainda em crise? Repita para você mesmo: “vai passar, sempre passa”. E é verdade.
- Dificuldade em concluir tarefas? Quebre-as em outras pequenas tarefas. Por exemplo, “arrumar a casa” pode ser algo muito subjetivo. Faça uma lista das coisas que precisam ser feitas: arrumar o quarto, arrumar a sala. Eleja uma por dia e realize em partes. Ou divida em tarefas ainda menores, como: arrumar o quarto > trocar os lençóis > arrumar a cama > lavar os lençóis > dobrar as roupas > guardar as roupas no armário.
- Crie uma playlist que te acalme, mas que não te deixe pra baixo. Essa é a minha.
- Sim, música cura tudo. Num dia bom, crie uma playlist para cantar na frente do espelho.
- Ou ainda, uma que te dê força para seguir.
- Faça sua casa conversar com você: espalhe post-its com frases que te motivam. Os meus são: “Melhor feito do que perfeito”; “O mundo é o que você pensa dele. Pense nele de um jeito diferente e sua vida mudará” e “A coragem é bem paga”.
- Pare de se preocupar se gostam ou não de você. Todo mundo está pensando a mesma coisa.
- Leia os posts dessa revista linda.
- BUSQUE ATENDIMENTO PSICOLÓGICO. E, não, não precisa de (muito) dinheiro pra isso.
Agora, vamos ser sinceros: mesmo que a gente saiba que o celular é uma fonte inesgotável de motivos para sua ansiedade dar as caras, você provavelmente passa o dia colado nele — inclusive neste exato momento. Então, já que essa é uma verdade absoluta, vamos encarar ela e usá-la a nosso favor.
- Mude os sons de notificação do seu celular e sua vida mudará (sério).
- Coloque um tempo limite de uso no seu celular. No iphone, você pode escolher quanto tempo quer passar em determinados apps.
- Este é o melhor app de meditação guiada que existe.
- Tenha um diário de sentimentos sem precisar escrever uma palavra.
- Minas, conheçam o seu ciclo.
- Aceite que você está fazendo e sendo o melhor que pode agora — e descubra o poder que isso tem. Essa thread vai te curar.
- Se você gosta do instagram, crie um perfil para postar e seguir apenas coisas que realmente te inspiram e te fazem bem. O meu perfil é esse.
- Existem apps que contribuem para o seu dia ruim, sabia? Observe como você se sente ao sair deles e valorize os que você se sente melhor quando desliga o celular.
- Para quem tem ousadia: passe um dia inteiro com o celular desligado. Spoiler: o mundo não acaba.
Extra: os perfis que mais me ajudam no twitter e no instagram. Descubra os seus!
- Bichos fofos e a magia da natureza: The Dodo e Nature is amazing.
- O design pode curar o mundo: obvious agency.
- Podcast mais perfeito que existe: É noia minha?
- Stacie Swift, a dose de felicidade perfeita do seu feed.
- Bobajada e loucurada para rir: Saquinho de Lixo e Melted Videos.
- Saúde financeira também é saúde: Boletinhos.
E aí, alguma dessas dicas inspirou você a começar essa semana com um outro astral, com mais energia e coragem para encarar a ansiedade? Você está comigo nessa. Envie este post para quem precisa de uma dose de energia extra também. E depois vem me contar se alguma dessas coisas funcionou ou quais são as suas formas de viver melhor (mande para manu@shoottheshit.cc). Não esqueça de acompanhar este post para conferir os updates que forem surgindo e vamos criar esse guia juntos.
Amanhã vai ser melhor.
Boa semana!
P.S: uma última coisa:
Esse texto foi escrito pela Manu e enviado para quem segue nossa newsletter no dia 19/05/19.
