Onde pode estar nossa grandeza diante de tanta miudez
Dia desses me vi tomada por uma angústia enquanto pensava: qual é, de fato, o nosso lugar no mundo e de que maneira a gente pode gerar alguma mudança dentro dele?
Dia desses me vi tomada por uma angústia enquanto pensava: qual é, de fato, o nosso lugar no mundo e de que maneira a gente pode gerar alguma mudança dentro dele? O jeito que tá sendo feito tá certo? Está sendo feito? Está realmente mudando? Eu sentia que devia tá fazendo alguma coisa diferente ou o que estava sendo feito era insignificante. Dividi isso com uma amiga, até que ela me olhou e falou “a verdade é que a gente É insignificante, nós somos minúsculos e ocupamos espaços específicos com contextos diferente de muitas outras gentes. A gente precisa parar de achar que somos tão importantes”.
A verdade é que no momento em que os problemas e as problemáticas estão muito claras diante de nós, nós queremos fazer alguma coisa. A segunda verdade é que nem sempre nós seremos os protagonistas dessa mudança, mas podemos abrir caminhos pra quem de fato pode ser. E sim, nós somos minúsculos e era exatamente isso que eu precisava ouvir naquele momento.
As coisas que me angustiavam não eram as coisas pelas quais eu era atingida diretamente. Mas eu entendia que por eu visualizar um problema, eu precisava articular uma melhoria. E era nesse ponto que eu travava. Pensava sobre os resultados das coisas que eu fazia e na vida de quem eles influenciavam e via que existia um abismo entre o lugar onde eu atuava e até onde eu achava que deveria chegar a mudança. Mas veja bem, isso não quer dizer que o espaço onde eu estou não tenha problemas. Tudo isso falava muito mais sobre a relevância desses problemas e a eficácia das soluções.
Precisei entender a minha pequeneza diante de certos fatos e ver que a minha atuação sempre vai ser limitada, o que não significa que ela não possa promover avanços. O fato é que eu falo por e para um grupo específico, mas eu posso abrir espaços. E é dando a voz pra quem atua em outros contextos que eu posso ajudar a chegar em uma melhoria lááááá naquele lugarzinho onde eu não chego. A grande questão é identificar que SIM essa outra realidade que não é a nossa ela existe e que SIM ela é muito importante, precisa ser considerada e precisa ser abordada. O ponto era: por quem. Solucionei minhas angústias no momento que entendi que esse “por quem” nem sempre era “eu”, mas que eu tinha um papel nisso tudo que era entender a minha pequeneza em determinados momentos e a importância do outro. Minha última news falou sobre passar mais tempo ouvindo e acho que essas coisas se cruzam agora. O espaço de escuta e o espaço de atuação. Temos que saber o momento de estar em cada um deles ou não estar.
No fim das contas, a nossa insignificância não pode nos eximir da ação, mas nos servir como um lembrete para sermos mais tolerantes e facilitadores. Sujeitos que podem ajudar a abrir caminhos, levantar questões e encontrar quem pode fazer isso junto com a gente. Precisamos entender o nosso lugar e progredir dentro dele, entendendo que ele não é o único nem mais importante do que outro. Precisamos cruzar vivências para ampliar o nosso olhar e enxergar melhor.
Depois de pensar e relembrar mais uma vez tudo isso, a questão que ficou ressoando e agora quero deixar pra vocês também é: no fim das contas, quantos sujeitos fora do teu contexto cruzam o teu caminho e como você escuta eles e deixa eles atuarem?
Esse texto foi escrito pela Fran e enviado para quem segue nossa newsletter no dia 12/04/18.