Precisamos falar sobre a solidão das pessoas solteiras na pandemia

Nós, como seres sociáveis, precisamos de contato. Mas como ter isso em um momento onde a distância é imprescindível?

Shoot
5 min readMay 12, 2021

Oi, muito prazer!
Eu sou a Ferdi, nova redatora da Shoot e essa é a minha primeira news. :)

Quero começar este texto afirmando que sim, existem coisas muito mais importantes acontecendo no Brasil e no mundo. Da mesma forma, acredito que a vida é um equilíbrio. Estamos passando por dias difíceis, angustiantes e constantemente sentindo a morte se aproximando de nós. O sofrimento também precisa vir acompanhado de algumas risadas, senão não conseguiremos ser fortes para continuar. :)

Quando todo esse inferno começou, ninguém imaginou que chegaríamos a este ponto. Sempre pensamos “ah, 15 dias de quarentena, vamos sair fácil.”, depois fomos para “hm, 40 dias de quarentena… não vai ser tão difícil não”, até que chegamos na marca de um ano. 365 dias de uma vida nada normal, precisando seguir como se estivesse tudo normal.

Também digo que este texto não tem um objetivo final ou uma linha lógica, é só um desabafo de uma pessoa que, assim como você, está trancada em casa há mais de um ano. Então, vamos lá: precisamos falar da solidão das pessoas solteiras durante a pandemia. Nós, enquanto seres sociáveis, precisamos de contato. Um abraço, um carinho, um beijo, afeto e calor. Mas como ter tudo isso em um momento onde a distância é imprescindível?

Eu, como uma mulher solteira na pandemia, tenho lugar de fala para prestar o meu depoimento: tem sido dias de tristeza e desolação! ;( kk Esse sentimento une todas as tribos de pessoas solteiras. Dos carentes aos não carentes, a maioria de nós daria muito para ter um lockdengo neste momento. O sexo e a necessidade de afeto também são necessidades do nosso corpo, que até podem ser postergadas, mas estão sempre presentes.

Não é atoa que a venda de produtos eróticos teve um crescimento de mais de 110% durante a pandemia, segundo levantamento da plataforma Zoom & Buscapé. Esse dado evidencia que estamos buscando prazer sozinhos — até porque temos essa capacidade. Falar de sexo e de prazer ainda é um tabu, por mais natural que seja. O autoconhecimento é um processo que envolve todo o nosso corpo, não só a nossa mente. Saber o que gostamos na hora do prazer pode tornar as relações sexuais ainda mais gostosas, além de nos salvar de muitas ciladas.

Falando em ciladas, a quarentena vem sendo um festival de ciladas envolvendo tentativas muito falhas de romances. Baixar o Tinder, fazer webdate, conhecer a pessoa diretamente na sua casa são algumas das experiências pelas quais passamos. Sinto que estamos nos sujeitando a muito pouco, para receber menos ainda. Se antes já nos humilhávamos por pessoas que não nos mereciam, agora nos humilhamos por gente que nem sequer conhecemos. Mas o que não fazemos quando a carência fala mais alto, não é mesmo?!

Mas a situação mais recorrente quando converso com as pessoas ao meu redor é apenas uma: a preguiça, a incapacidade e apatia para manter uma conversa. Não posso afirmar que essa será uma das possíveis sequelas do inferno que estamos vivendo, mas com certeza teremos mais dificuldades de nos relacionarmos com qualquer pessoa. Estamos passando por um período de mais de um ano, onde o nosso convívio foi, majoritariamente, somente com nós mesmos. O processo de convívio com outras pessoas exige coisas que antes eram até automáticas, como a capacidade de abrir mão de muitos sentimentos e incômodos. Você já se viu irritada conversando com aquelas pessoas que mais ama? Então, você não está sozinho ou sozinha! Hoje me vejo irritada com atitudes que, com a vida normal, passariam ilesas de qualquer pensamento.

Além disso, para aquelas pessoas que seguem o isolamento social, o flerte perdeu o seu sentido. Quando flertamos com outra pessoa, como em tudo na vida, precisamos de um objetivo. E o objetivo do flerte nada mais é do que o beijo, os finalmentes e até um possível romance. Com a pandemia, tudo isso se perdeu. Não temos uma data limite ou qualquer perspectiva que nos mantenha com a expectativa viva, fazendo com que todos os nossos flertes morram na praia. “Ah, é complicado toda essa situação né.”, “Quando a pandemia acabar a gente se encontra haha.” e “Falta pouco pra tudo voltar ao normal!” foram frases muito utilizadas por mim em meio a esse inferno, porque a vida já não é mais como era antes. Não podemos mais flertar com a pessoa depois de encontrá-la em alguma festa, ou comentar o quanto ela estava bonita quando vocês se encontraram na rua, ou só dizer que ficou feliz de poder vê-la. Hoje, tudo isso perde o sentido.

Meu objetivo aqui é mostrar que você não está sozinha ou sozinho. Cada vez estamos mais perto do final, com a vacinação — mesmo que a passos lentos — chegando perto de nós e daqueles que importam para a gente. Em breve poderemos sair e voltar à vida como era antes, obviamente carregando as cicatrizes que nos machucaram nesse período, mas vivendo uma vida mais calorosa e perto daquelas pessoas que amamos.

Se cuidem, fiquem em casa e cuidem dos seus. O pesadelo está perto do fim e cada vez estamos mais próximos de rebolar a nossa raba e dar uns beijinhos em uma festa qualquer. :)

Precisando, busque ajuda. Converse com as pessoas próximas a você, se permita ser frágil e consulte um profissional. O sol sempre vem pela manhã.

Beijos, Ferdi. ❤

Esse texto foi escrito pela Fernanda e enviado para quem segue nossa newsletter no dia 30/03/21.

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Percepções sobre a vida de quem trabalha criando ideias para um mundo melhor. heyshoot.cc

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