Que tipo de impacto você quer gerar nos seus projetos?

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5 min readJun 6, 2022

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Uma das nossas principais preocupações por aqui sempre foi com o impacto que o nosso trabalho estaria causando. Não como uma consequência de alguma outra coisa que a gente estivesse propondo com a nossa ideia, mas como fator de motivação para fazer algo em primeiro lugar. Invariavelmente isso nos levava a tentar hackear o escopo dos projetos que nos eram apresentados. Uma preocupação para além de likes, curtidas, retorno de investimento, alcance, engajamento ou vendas.

É para falar sobre um grupo de corrida para as pessoas da empresa, mas e se a gente melhorar a cidade por onde esse grupo corre? É para divulgar o novo blog da marca, mas e se a gente apoiasse ações de coletivos pela cidade e aí contasse essas histórias no blog? É para divulgar um aplicativo de mobilidade urbana, mas e se a gente criasse intervenções pela cidade que restauram espaços conectados com o sistema de transporte público?

Isso nos levava, geralmente, para um desses três cenários: a ideia era aprovada e a gente conseguia gerar algum tipo de impacto positivo; a ideia era aprovada com ressalvas, e ela acontecia com ajustes (e com uma redução do impacto proposto inicialmente); a/o cliente até gostava da ideia, mas, por diversos fatores e variáveis, o processo podava muito da ideia original e o seu impacto chegava até a ser deixado de lado. O problema é que esse último cenário nos incomoda por ir contra o que a gente acredita, a ponto de dar aquela ansiedadezinha de saber que poderia ser melhor.

Seja trabalhando com campanha de marca, projetos sociais/ativistas ou campanhas de cultura interna nas empresas, a gente sempre quer gerar algum impacto positivo. Porém, percebemos que tentar hackear o briefing e conectar a ideia a uma causa só no momento de apresentá-la, sem alinhar previamente com a/o cliente sobre isso, muitas vezes era o que nos jogava para o terceiro cenário citado acima e gerava frustração. Tanto nas pessoas que estavam nos contratando — por não achar que aquilo era o que queriam — quanto em nós que tínhamos colocado energia em uma ideia que acreditávamos mas que não ia nascer.

Com essa pulga atrás da orelha, mais ou menos a essa altura do primeiro semestre do ano passado, mapeamos nossos projetos e distribuímos eles em algumas categorias considerando o impacto que a gente buscava com a ideia inicial e o que havia sido alcançado. Desse mapeamento, surgiu uma ferramenta batizada de Escala de Atuação, que começamos a utilizar para alinhar de forma bem objetiva qual deve ser o resultado e o impacto na prática, além de nos ajudar a monitorar o tipo de impacto que estamos buscando com os projetos que vão pra rua. Os níveis da escala são os seguintes:

0. Zero Impacto Social
Atuar sem foco em gerar valor social positivo para as pessoas nem em impactar positivamente a sociedade.
(ps: a gente não faz projetos com essa mentalidade, e se alguma ideia está indo por esse caminho é porque precisamos ajustar algo)

1. Conscientização
Atuar como curadora de conteúdo, disseminar informações e conhecimento sobre alguma causa.

2. Mobilização Individual
Atuar de modo intermediário entre curadora de conteúdo e plataforma, dar ferramentas e oportunidades para que a pessoa possa agir individualmente.

3. Mobilização Coletiva
Atuar como plataforma, proporcionando ferramentas e oportunidades para que as pessoas possam agir coletivamente em um momento específico, alavancando uma causa.

4. Mobilização Institucional
Realizar, como protagonista, um movimento externo para apoiar uma causa. Pode até envolver uma mobilização coletiva no processo, mas sempre com a atuação institucional no papel principal.

O ponto de partida para definir esses níveis da escala foi a Escala de Participação, do Jeremy Heimans e Henry Timms, segundo a qual “o novo poder ganha força com a crescente capacidade — e desejo — das pessoas de ir muito além do consumo passivo de ideias e bens.” Na prática, quanto maior é a nossa atuação, maior deve ser nosso investimento de energia e recursos na ideia. Por outro lado, o impacto gerado é maior também. Alguns exemplos aqui ó:

Depois de pensar como as ideias se relacionam com a escala de atuação, entra a parte de pensar a métrica de impacto de cada projeto. Isso é um ponto relativamente complexo quando se trata de metrificar impacto social, e daria uma outra news todinha só falando sobre, mas resumidamente o que fazemos aqui é olhar para a ideia e tentar pensar, a partir do que estamos propondo, qual seria a definição de sucesso. Se é para conscientizar pessoas sobre o aquecimento global, uma métrica poderia ser o número de pessoas que viram um vídeo até o fim. Se é uma campanha de financiamento coletivo para plantar árvores, a métrica principal deve ser o número de árvores plantadas, e por aí vai.

A gente já vem usando essa escala no dia a dia desde então, mas gostaríamos de abrir ela para vocês que nos seguem e perguntar: faz sentido? Tem algo que poderia ser diferente ou melhor? Você enxerga alguma possibilidade de usar ela no seu dia a dia também? Acha que ela precisa de um nome diferente?

Esperamos que essa ferramenta possa ser útil para mais gente e estamos aqui de olhos e ouvidos abertos para conversar mais sobre ela :)

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Percepções sobre a vida de quem trabalha criando ideias para um mundo melhor. heyshoot.cc

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