Um post que quero que você responda

Insetos, respeito e uma corrente do bem.

Shoot
7 min readFeb 15, 2019

Oi pessoal. Braga aqui. Tudo bem com vocês?
Voltamos com nossas newsletters pessoais :)

Mas antes do texto, um rápido disclaimer:
Em 2019 vamos escrever menos newsletters. Se ano passado era uma a cada 2 semanas, agora vai ser uma por mês. Mas isso não significa diminuição no conteúdo. Por ser mensal, agora nossas news vão ser mais profundas, abordando um só tema tanto no texto quanto nos links de apoio. Talvez sejam mais extensas, ou talvez não, mas a ideia é fazer vocês imergirem um pouco mais em cada assunto que trazemos aqui, para que a conversa seja mais abundante e interessante.

Fim do disclaimer. Vamos à newsletter do mês para falar sobre: aquecimento global.

“Yaaaay que tema legal ¬¬”

Relaxa. Vem comigo.

Esses dias li uma matéria extensa e muito interessante do News York times entitulada “The Insect Apocalipse Is Here”. À primeira vista, a chamada mega sensacionalista pode parecer uma estratégia para atrair cliques. Bem. Não era.

O artigo traz um estudo realizado por entomólogos (pessoas que estudam insetos) alemães, que, durante 30 anos, mediram a quantidade de insetos voadores em reservas naturais do país. O resultado da pesquisa é bizarro: desde o início do estudo até ano passado, a quantidade de insetos voadores caiu 75%. Setenta e cinco porcento.

E olha que as coletas foram feitas em reservas naturais, lugares mais isolados, geralmente com vida animal mais abundante. Mesmo assim, o número foi altíssimo. Ou melhor, baixíssimo. Agora, se tá ruim lá, imagina nas cidades? Em lugares com nem tanta “natureza” assim? E nos países mais poluídos, ou com políticas ambientais mais fracas?

Pra quem não tá ligado, insetos não servem apenas para encher nosso saco. Eles são os maiores polinizadores do planeta e a base da cadeia alimentar que estamos inseridos. Eles transformam as plantas em proteína e, se sumissem do planeta, seria caos generalizado. Em alguns lugares já está assim até, como a cidade na China onde as abelhas sumiram e pessoas estão sendo contratadas para fazer a polinização das plantas MANUALMENTE.

Foda, né? Notícia pesadíssima. Apocalipse mesmo. E que meio que ninguém percebe.

Isso acontece em grande parte porque, segundo Brooke Jarvis, a repórter que escreveu o artigo, existe uma parada chamada Síndrome da Mudança de Patamar (em inglês, Shifting Baseline Syndrome), que fala que a gente é ótimo em se acostumar com mudanças ao nosso redor, rapidamente esquecendo a referência do passado e nos contentando com o presente. Essa síndrome nasceu para dar nome a uma percepção de que a cada geração, o número de degradação ambiental aumenta, mas cada geração acha que o que está aí é o normal. “The world never feels fallen, because we grow accustomed to the fall.”

Ou seja, o merengue tá desandando faz tempo, mas a gente não consegue perceber isso. É muito difícil notarmos que o número de mariposas ou mosquitos diminuiu. É até bom não ter mosquitos ao nosso redor, para não sermos picados. Nossa visão se foca no presente e o presente parece ok. Ainda temos água, ar, alguns animais, nossos pets. Ainda existem baleias.

Mas até quando?

Eu sinto que a gente parou de respeitar e se importar com o meio ambiente faz um bom tempo. Até esses termos, como “natureza” e “meio ambiente”, são ruins, pois faz com que pensemos que essas coisas são diferentes da gente. “A natureza”, “o meio ambiente”. Nós somos natureza e somos o meio ambiente e tudo à nossa volta meio que é também, mas a gente olha com olhar de separação.

Por olhar com esse viés de diferença, acabamos não levando a “natureza” em conta dentro do nosso dia a dia. E por essas e outras, nasce algo como o aquecimento global, resultado das nossas atitudes e do nosso descaso com o planeta.

Não é só o oceano que esquenta com o aquecimento global, são as aves que ficam perdidas, são as tempestades que acontecem mais frequentemente, são os insetos que acabam morrendo. O aquecimento global é um problema muito sério e que precisaria da atenção de todos os países meio que pra ontem.

O problema é que a maioria das pessoas acreditam que daqui pouco tempo vamos descobrir uma tecnologia nova e salvar o planeta do aquecimento global, enquanto outras acreditam que a treta não é tão séria assim.

E assim seguimos nossa vida enxugando o planeta para termos nosso conforto diário garantido. De usar canudos de plástico num Toddynho a deixar o ar condicionado ligado enquanto passamos o dia na rua pra quando chegar em casa, ela estar bem climatizada.

“Tá e o que fazer, Braga? Veio aqui nos deixar deprê mas não deu a solução ainda!”

Pior que eu não sei kkkkk Não faço ideia na real. O problema é muito grande e muito complexo para uma pessoa só resolver. Por exemplo, descobri semana passada que uma das coisas que polui bastante o Arroio Dilúvio aqui em Porto Alegre são os freios dos carros. Por estar ao lado de uma grande avenida, com muitos carros e, consequentemente, muitas frenagens, esse arroio é bombardeado todos os dias com substâncias tóxicas que saem dos pneus dos carros e do asfalto. Doideira, não? E vamos banir os carros pra sempre por causa disso? Não é tão simples…

Esse exemplo pode não ter muito a ver com o aquecimento global. Ou pode. Sei lá. A gente já alterou muito nosso ecossistema e já despejou muita coisa nela pra ter total noção das causas e dos impactos que as coisas geram. Trago ele apenas pra dizer: a treta é muito complexa e talvez economizar água ou ter um telhado verde não resolva. Ajuda, mas não resolve completamente.

O Paulista já trouxe várias atitudes numa newsletter que escreveu algum tempo atrás e tem várias listas por aí na internets, todas ajudam e devem ser feitas, mas eu não quero focar nelas. Quero focar no compromisso. No retorno de uma visão unificada, uma visão que enxerga que tudo faz parte de tudo e não existe nenhum animal ou lixo que não esteja conectado.

Acho que o que eu queria mesmo da sociedade é respeito. Respeito pela vida na Terra. Respeito pelos animais, pelas plantas, pela água, pela natureza, pela chuva, pelo sol. Gostaria que a gente adicionasse às nossas ações um filtro de respeito à vida na Terra como um todo. Uma pergunta tipo essa: “isso que vou fazer agora respeita a vida do planeta?” Se a resposta for “não” na grande maioria das vezes, sugiro repensar a sua rotina.

Da quantidade de lixo que vem junto num pedido de tele-entrega à roupa que compramos, acredito que se a gente usar esse filtro regularmente na nossa vida, vamos descartar práticas nocivas e ter uma vida um pouco menos tóxica ambientalmente. Ser 100% sustentável é impossível vivendo em sociedade hoje, mas diminuir nosso impacto é possível e necessário. E se todo mundo fizer sua parte, andar de carro e usar canudo passam a não ser problemas tão grandes, pois não serão a norma.

Sim. O planeta está esquentando.

Falei que não ia pedir uma atitude específica, mas mudei de opinião. Na real, pra esse conteúdo ficar guardado na memória de vocês, pediria, pra quem acha que o que falei faz sentido e está afim de entrar nessa ~corrente de respeito pela vida na Terra, que me mandem um email para luciano@shoottheshit.cc com a frase ANTES DE FAZER ALGO, EU VOU SEMPRE ME PERGUNTAR SE ESSA ATITUDE RESPEITA A VIDA NA TERRA.

Simples assim. Só enviar com essa frase. ANTES DE FAZER ALGO, EU VOU SEMPRE ME PERGUNTAR SE ESSA ATITUDE RESPEITA A VIDA NA TERRA. Ou se achar que pode ir além, encaminha o link desse post pra outra pessoa. Isso não apenas ajuda vocês a lembrarem de usar esse filtro no futuro, como também vai me fazer ver que eu não estou sozinho nessa (se pessoas responderem, claro). Se ninguém responder seria muuuuito deprê e até engraçado hahahaha Imagina, geral cagando pro planeta. Mas não, sinto que vocês são gente boa e vão embarcar comigo nessa.

E assim vamos juntinh@s praticando o respeito e a empatia pelo nosso planeta querido. Acho que esse já é um bom começo. Adotar esse mindset pra ele depois se traduzir em atitudes. Não precisamos parar de fazer nada radicalmente, só precisamos usar as coisas com mais consciência. E se geral fizer assim, vai ter planetinha Terra pra geral por um bom tempo.

Foi um prazer.
Beijos e fiquem bem ❤

Leitura complementar

Esse texto foi escrito pelo Braga e enviado para quem segue nossa newsletter no dia 11/02/19.

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Percepções sobre a vida de quem trabalha criando ideias para um mundo melhor. heyshoot.cc

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