Vamos seguir juntos
Quero que você que, assim como eu, saiba que as coisas podem ser melhores do que parecem.
Na sexta-feira, dois dias antes da votação do segundo turno das eleições, fui ao encontro do Creative Mornings. A Jennifer Azambuja estava lá na Bouquiniste Café e Livros, com um sorriso cativante no rosto, pra conversar com a gente sobre honestidade e democracia. Entre suspiros e reflexões, percebi as pessoas que estavam à minha volta. A ansiedade e o sentimento de esperança exalavam naquela sala. Quase dava pra ouvir o coração de todo mundo batendo junto.
Com os olhos marejados e nó na garganta, o evento foi encerrado. Fiquei mais um tempo por lá e me despedi com alguns abraços e sorrisos tímidos de pessoas completamente desconhecidas.
O domingo chegou. Durante a tarde, muita música alta e correntes da capivara da virada. Ao anoitecer, o medo se instaurou. Ainda não digeri isso tudo muito bem, confesso. É tanta gente que eu quero poder abraçar e ajudar, que ainda não me permiti ficar sozinha e escrever meu próprio plano para o que vem a seguir. Mas tudo bem, amanhã tenho hora marcada na terapia.
Sei que tenho medo por conhecer a história. Quem não teme, mesmo que minimamente o que pode acontecer, é porque realmente ainda não entendeu nada. Ainda assim, acredito que a energia que focamos sempre volta. A luz só existe por causa da sombra. E a sombra existe pela luz. Nós podemos transformar essa angústia em amor. E já estamos fazendo isso.
Alunos do Colégio Rosário realizaram uma manifestação linda no início dessa semana e mostraram que é assim que seremos resistência: um segurando a mão do outro. Na segunda-feira, quando cheguei na Famecos, todos aqueles “Oi, tudo bem?” com um sorriso amarelo de longe se transformaram em calorosos abraços. São tempos de trevas, mas estamos aprendendo muito sobre empatia agora.
Não sabemos o que o outro está passando, mas sabemos que dói. João Doederlein já disse: empatia é saber abraçar a alma. Nossos abraços estão sendo exatamente assim. Pelo menos eu sinto que sim.
Nós estamos cuidando mais um do outro agora. Eu nunca abracei tantos conhecidos e semi-conhecidos como nos últimos dias. Acho que é uma forma de dizer “ei, nós estamos juntos. E vamos continuar assim”.
Quero que você que, assim como eu, está nervoso com os próximos passos do nosso país, saiba que as coisas podem ser melhor do que parecem. O amor sempre vence e não vai ser agora que nós iremos desistir.
Respira fundo. Olha uns gifs de filhotes. Bebe um café gostoso. E vamos para a rua. Juntos, como sempre estivemos.
Força e resistência.
Abraço,
Mari.
Links Iraaados
- Coletivos de agências e artistas criaram a canção manifesto “A Gente Vai Viver” para passar uma mensagem de força nesse período turbulento.
- Garotas Invisíveis é um projeto da Elayne Baeta, artista lésbica que cansou de buscar representatividade na arte e resolveu fazer ela mesma.
- “Awavena” é um filme de realidade virtual que vai te levar para dentro de uma experiência com ayahuasca.
Esse texto foi escrito pela Mari e enviado para quem segue nossa newsletter no dia 01/11/18.