Oi gente! Gostaria de perguntar se está tudo bem, mas não tá tudo bem.
Manu, minha grande amiga, me convidou para conversar com vocês sobre a minha lente do que está acontecendo. Ontem tivemos uma “janela de oportunidade” com a hashtag #BlackOutTuesday, um dia em que os feeds de mídias sociais de muitos estarão em pausa e com uma imagem preta em solidariedade. O dia de ontem é uma oportunidade e uma urgência diante da intensidade do que está acontecendo. Violência com a população negra é constante durante muitos anos e com uma dor acumulada de injustiças sociais. O racismo é um vírus instalado no sistema e se reflete na estrutura da sociedade. Porém, não se combate o racismo apenas em um dia. Nem ontem, nem apenas no dia da Consciência Negra, em novembro.
Minha lente particular sobre tudo isso é que eu vivo em um mundo que faz questão que a gente não pertença a ele. Não faz questão que eu, como mulher negra e os meus, estudem, cresçam, desenvolvam sua arte, se tornem líderes, protagonizem grandes sonhos. Era isso que a sociedade tirou das vidas que perdemos nestes últimos dias e tantas outras. O racismo é um crime perfeito. Todo mundo sabe que ele existe, mas todo mundo finge que não o vê. Até doer em quem você ama.
Por isso, estudar e se conscientizar sobre o problema e agir é o que temos que praticar todos os dias. Empatia e proporcionalidade tem que fazer parte da nossa rotina para que tenhamos um mundo menos desigual. Isso é urgente.
As perguntas que deixo pra vocês é: “O que você vai fazer hoje, de concreto, para que a sociedade se torne menos racista? Como você lutará contra o racismo?”
Espero, de verdade, que pessoas não negras possam aprender e agir para um mundo em que todas as vidas importam, principalmente a dignidade da população negra.
Gabriela Oliveira
gabrielavargas.design@gmail.com
O que podemos e devemos aprender com esse momento histórico
Oi gente, aqui é a Manu. Essa news era pra ter sido sobre linguagem, sobre trabalho remoto, sobre bem-estar. Mas não dá. Por mais que a gente esteja vivendo realidades que trazem todos esses assuntos, simplesmente não dá pra falar de outra coisa, ocupar o espaço de divulgação, de fala, de questionamento, de informação com outro assunto que não sobre as movimentações que estão acontecendo no Brasil e no mundo. Convidei a Gabi, uma amiga muito querida, empreendedora, designer, comunicadora que eu admiro muito para falar aqui, entendendo que o que devemos fazer, como pessoas brancas, nesse momento é dar espaço para ouvirmos, lermos, estudarmos, buscando evoluir sempre para viver a luta antirracista todos os dias. E ter a fala dela aqui é mais importante que a minha, pois vem de quem vive diariamente a realidade que se baseia na cor da sua pele.
Não posso descrever o que é, como é viver como uma pessoa preta, mas lutar diariamente na aniliquilação do racismo, levar atitudes antirracistas no meu dia a dia, pesquisar, estudar e principalmente agir contribui com a luta por uma vida digna e justa de pessoas violentadas historicamente pela sua cor, pela sua origem. O conhecimento fortalece condutas que ampliam a diversidade e a representatividade em todas as esferas da sociedade, combatendo discursos de ódio em um país que mata jovens negros a cada 23 minutos.
E apareço depois da fala da Gabi para contribuir com essa evolução nesse compromisso, assumindo minha responsabilidade do privilégio social de ser uma mulher branca. Listo aqui vídeos, textos, influenciadores, livros que abordam esse tema tão urgente, tão necessário. Convido você a abrir espaço no seu dia para acessá-los, aprendê-los e levar novas condutas para a sua vida, em prol de outras, de muitas, de milhares de vidas. Isso não é nada perto da necessidade da criação de políticas públicas e reformas culturais que verdadeiramente transformem o cenário racista em que vivemos, mas é um passo importante nesse caminho fundamental, de responsabilidade de todos.
#VidasNegrasImportam em qualquer lugar do mundo.
- ESTÁ ACONTECENDO UM GENOCÍDIO.
- Entenda seu privilégio branco.
- “Você, branco, consegue militar além dos eventos e tragédias? Nós, pretos, militamos a cada respiro vivo.”
- O que é racismo estrutural e racismo recreativo.
- Uma lista de como você pode ajudar ativamente.
- Essa foto.
- 6 dicas para o branco na luta antirracista.
- O documentário “Negritudes Brasileiras”, da Nátaly Neri, uma cientista social e youtuber sensacional.
- Seguir a hashtag #VidasNegrasImportam no Twitter.
- 7 podcasts brasileiros para ouvir, aprender e seguir.
- A @giovborges está postando uma série de indicações de séries, filmes, livros e podcasts sobre o assunto.
- Essa pasta aberta no drive com milhares de conteúdos com biografias, matérias, colonialismo, racismo, negritude e muito mais.
- Os livros “Pequeno Manual Antirrarista” e “Lugar de fala”, da filósofa Djamila Ribeiro.
- Até onde vai o seu feminismo? Essa thread da Stephanie Ribeiro traz uma série de livros sobre feminismo negro, raça e gênero.
- Por que jogadores negros brasileiros não se posicionam racismo e genocídio da população negra? O poeta Marcelo Carvalho responde.
- 33 canais no Youtube para assistir.
“Aprenda sobre racismo. Leia livros, escute podcasts, pesquisa. Ouça pessoas pretas falando disso. Compartilhe o seu conhecimento. Dialogue com seus amigos, família, todos a sua volta. Fale sobre o que sabe e esteja abertx a adquirir conhecimento de outrxs. Para de fazer “piadas” e comentários racistas. Onde quer que você esteja, na escola, no trabalho, não ache engraçado! Racismo mata, não é brincadeira. Racialize tudo. Se mantenha informado, saiba das notícias. não torne seu posicionamento momentâneo. Apoie artistas negros, meia, ouça, compre a causa, conheça intelectuais negros, valorize-nos. Não vote em racista.”
Texto de Gio Borges, do Coletivo Conexão Preta.
Esse texto foi escrito pela Gabi e pela Manu e enviado para quem segue nossa newsletter no dia 04/07/20.